Toda vez que eu digo a frase: “eu tenho medo”, lembro comicamente da campanha de José Serra em 2002. Mais especificamente de um filme em que Regina Duarte dizia estar temerosa com a reviravolta pela qual o país poderia passar, do retrocesso da economia e do bicho papão da inflação. Enfim, era o verdadeiro estereótipo psdebista assustado com a gente "diferenciada" que estava prestes a tomar o poder.
Gozado que mesmo quando estou triste, é só dizer essas palavras que me lembro da cara de cachorrinho sem dono da namoradinha do Brasil!
Mas, antes que meus leitores debandem, não fiquem com medo, não é um texto sobre política. (Embora, cedo ou tarde, vou acabar falando sobre ela)
Tenho pensado muito sobre os meus medos e como ultrapassá-los, se é que isso é possível.
Da morte, de ficar sozinha, de assalto, de violência, de perder quem eu amo, de rato, de gordura trans, de não ser uma boa mãe, de nunca ser mãe, de câncer, do novo, do aquecimento global, do fracasso, medo até de ser feliz!
Com tantos medos, qual a solução para vencê-los? Será que devemos viver sem eles ou, apesar deles?
Eu me considero uma pessoa medrosa. Durante muitos anos tive medo de dirigir, medo não, pânico, fobia, sei lá, só sei que era uma sensação realmente incapacitante. Hoje, eu dirijo sozinha numa boa, mas nunca superei o medo, ele existe e é ele quem impõe os meus limites.
Na adolescência, eu tinha um medo absurdo de cachorro. Atravessava a rua se havia um na calçado, podia ser pequeno, manso, não importava. Meu cérebro detectava um cachorro e já emitia os sinais: taquicardia, sudorese nas mãos, pânico total. Até que ganhei um filhotinho de Cocker Spaniel do meu namorado na época e fui aprendendo a conviver com o medo. Hoje, sou apaixonada por cães, mas o medo ainda existe e é ele quem dá discernimento para limitar até aonde posso ir.
Quando eu era criança, alguém me disse que os avós morriam logo. Eu, criada pela minha avó, a quem chamo de mãe e por quem sempre morri de amores, fiquei amedrontada com aquela afirmação. Eu devia ter uns 7 anos e desenvolvi um medo enorme de perdê-la. Durante um tempo isso foi tão intenso que contava os minutos para chegar da escola e meu maior receio era chegar em casa e ela não estar lá. Lembro-me de chegar e ficar procurando por ela. Meu coração só desacelerava quando ela me abraçava forte e eu podia sentir seu cheiro. Enquanto a procurava, minhas mãos suavam e meu coração parecia querer sair pela boca. Hoje, ainda penso nisso e vez ou outra aqueles sintomas voltam quando ela fica doente. O medo não foi embora, ele existe e é intenso, mas não me domina mais. Quando ele quer ficar forte, lembro que 20 e tantos anos se passaram e aquela garotinha teve a honra de crescer ao lado de um ser humano incrível e desfrutar de momentos maravilhosos. E, mais uma vez, é o medo que me faz valorizar cada momento ao lado dela.
Para quem vê de fora, esses podem ser medos tolos. Cheguei a ouvir: "dirigir é mais fácil que andar de bicicleta" ou "isso tudo é frescura", mas só a gente pode pintar quão feio é o nosso bicho papão.
Mas agora me pergunto, o medo é algo bom afinal de contas?
Convivo com ele a vida inteira e não sei ao certo como responder a essa pergunta.
Refletindo sobre o assunto, reconheço a importância do medo, mas não quero que ele me paralise ou me domine.
Incertezas, inseguranças e angústias me acompanharão, mas quero que a coragem se fortaleça e se faça presente sempre que a mão suar e o coração disparar...
Durma medo meu....
ResponderExcluirDiz a Bíblia e O SEGREDO concorda que "aquilo que temo me sobrevém e o que receio me sucede" (Jó 3:não me lembro do versículo).
ResponderExcluirCreio que o medo é saudável quando ele funciona como alerta. É ele que impede que eu atravesse a rua sem olhar para os dois lados. Mas ele é ruim quando nos paralisa. Por exemplo, se me impedir de atravessar a rua.
Beijos.