Me chamo Leandra e sou apaixona pelas histórias da vida

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Justo a mim coube ser eu...

sexta-feira, 20 de maio de 2016

Ubuntu

Tenho ouvido muito que as coisas só acontecem quando não contamos para ninguém, que a felicidade deve ser guardadinha com 7 chaves para não atrair inveja e mal olhado e que as pessoas não ficam felizes com as realizações alheias.
Ora, qual a graça da vida? Partilhar momentos, comemorar com quem a gente ama, celebrar grandes e pequenos feitos, contagiar com alegria e servir de inspiração para os desanimados.
Então, não acho que as coisas acontecem quando não contamos a ninguém, talvez o grande segredo seja PARA QUEM estamos contando.
Se eu amo eu torço e quero que o próximo seja tão realizado quanto eu.
E que no final das contas todo mundo tenha motivos para rir de orelha a orelha, porque como bem dizem por aí: gente feliz não enche o saco! 😝

#UBUNTU



Entrei no metrô, sentei em seguida e mergulhei no livro que estou devorando.
Uma ou duas estações depois o menininho prateado surgiu na minha frente, entregou um papelzinho onde se podia ler que precisa comprar arroz e feijão para ele e seus irmãos, que a mãe estava desempregada, qualquer moedinha servia...
O garoto de uns 9 anos, com a pele pintada com tinta que parecia não sair nunca, entrega os bilhetes apressadamente, alguns negam receber.
Meu olhar cruzou com o dele em dois momentos, tive vontade de perguntar se ia à escola, se estava com fome, se sentia frio...
Senti meu coração apertado.
Lembrei do meu menino que deixei em casa, da dicotomia que preciso administrar em dar-lhe o mundo sem mergulhar no consumismo desenfreado, no quanto quero dar amor, estrutura familiar, comida, educação, carinho infinito, sem deixá-lo mimado demais.
Permaneci perdida em meus pensamentos por algum tempo.
O metrô soou o sinal de fechamento das portas, o garoto prateado correu em direção ao próximo vagão levando uns trocados e a sensação de que eu, você, nós poderíamos ter feito mais por ele...😢
Costumo dizer que mãe não fica doente, não tem férias, tampouco final de semana.
E chega um momento que o esgotamento é tanto... 
São tantas demandas e preocupações, que o cansaço não é somente físico, mas também emocional.
Se o filho adoece então, a estafa é potencializada.
O bebê nasce e você passa a se preocupar o tempo todo, do cocô ao umbigo, do banho à hora do suquinho natural. Passa a ser coadjuvante da própria vida para que uma nova Estrela principal possa brilhar.
O tempo voa freneticamente, as preocupações mudam, mas a mãe nunca relaxa.
Beirando os 3 anos de idade, agora meu filho está numa fase em que já impõe sua personalidade forte, imprime um ar mandão que me desafia e ainda não sabe lidar nem com as pequenas frustrações.
Aliamos a esse cenário o estresse do trabalho, os problemas do dia a dia, a crise econômica, a violência urbana e sim, tem hora que dá vontade de sentar e chorar.
Mas aí, num desses momentos em que eu literalmente desabei, me lembrei dos choros escondidos no banheiro em determinada época do mês, dos exames que me reviraram do avesso, da médica nos indicando as clínicas de fertilização, daquela doída sensação de que eu não conseguia engravidar...
Desculpa filho, juro que terei mais paciência contigo, porque assim como um dia você deixou de mamar, um dia você não mais procurará meus cabelos na hora do soninho, nem irá correr para o meu colo quando ralar o joelho. Um dia você não dirá em voz alta que me ama desse tamanhão ou que quer tomar uma tetê comigo no sofá.
Me perdoa filho, por em alguns momentos esquecer que você é a realização do meu maior sonho, meu Kairós.
Eu te amo mais que tudo, a mamãe só está cansada...



Olhos de Criança

8h, manhã gelada em São Paulo. Aquela garoa fininha que parece só ter aqui.
Passos apressados, agarro com força a mão pequenina e quente, vamos desviando dos transeuntes, rumo ao metrô.
Não tenho o hábito de andar com ele na rua, mas voltando do médico achei que seria um bom dia para ele finalmente conhecer o "trem" que vê passar pela janela. Desisti do Uber e seguimos o trecho de apenas alguns metros.
De repente ele parou e estático apontou para o mendigo que dormia na calçada.
"Mamãe, briga com ele, está deitado no chão, nesse frio!"
É filho, mas ele está enrolado no cobertor...
"Olha! O pé dele está dodói, tem sangue!"
Eu ainda puxando pelo braço, soltei com a voz já meio fraca...é filho, está dodói.
"Então vamos levar ele naquele médico."
A essa altura não sabia mais o que falar.

Segundos eternos, ele não arredava pé, a garoa já querendo engrossar.
Por fim ele disse: "ele não deve ter mamãe, nem papai, nem ninguém pra cuidar dele, coitadinho"
Vamos filho, está frio demais aqui...
Falei me arrependendo em seguida.
E logo uma frase clichê me veio à cabeça: "precisamos ver o mundo através dos olhos das crianças."
Eles enxergam o que não conseguimos mais ver.

quinta-feira, 19 de maio de 2016

29/12/15

E chega a hora da retrospectiva, de parar 5 minutos e olhar para o ano que está acabando. 
De fazer aquele pequeno balanço e a listinha básica do que esperamos, queremos e precisamos nos próximos 365 dias.
2014 foi punk pra nós, mas parece que 2015 foi difícil para todos! 
A crise que se instaurou de vez no país deixou um clima tenso no ar, estamos mais reativos, desconfiados, esperando que esse trem desgovernado encontre seu eixo, e infelizmente, entraremos 2016 nessa mesma vibe.
Mas voltando para o meu ano...bom, eu chorei até acabar o fôlego, me afoguei numa piedade gratuita, pedi o carinho e os abraços que me faltavam, me tornei a vítima que me achei no direito de ser.
Mas num dia olhei para o lado e percebi que tinha mais a agradecer do que a pedir, consegui (sozinha) engolir o desânimo e a dor e segui a encarar a vida e seus dissabores.
E assim, relutando contra pensamentos pessimistas, resgatei sonhos, mandei a tristeza embora, me encorajei a recomeçar e termino o ano muito melhor do que comecei.
É preciso lembrar que houve também muitos encontros e desencontros, pessoas próximas seguiram outros rumos, alguns mais distantes vieram pra fazer paragem ao meu lado, a vida mostrou seus ciclos e fases e segue, felizmente segue!
Feliz ano novo para todos nós! 

O que eu peço? Que seja repleto de saúde e de boas vibrações.
E ao menor sinal de amor...retribua!