Entrei no metrô, sentei em seguida e mergulhei no livro que estou devorando.
Uma ou duas estações depois o menininho prateado surgiu na minha frente, entregou um papelzinho onde se podia ler que precisa comprar arroz e feijão para ele e seus irmãos, que a mãe estava desempregada, qualquer moedinha servia...
O garoto de uns 9 anos, com a pele pintada com tinta que parecia não sair nunca, entrega os bilhetes apressadamente, alguns negam receber.
Meu olhar cruzou com o dele em dois momentos, tive vontade de perguntar se ia à escola, se estava com fome, se sentia frio...
Senti meu coração apertado.
Lembrei do meu menino que deixei em casa, da dicotomia que preciso administrar em dar-lhe o mundo sem mergulhar no consumismo desenfreado, no quanto quero dar amor, estrutura familiar, comida, educação, carinho infinito, sem deixá-lo mimado demais.
Permaneci perdida em meus pensamentos por algum tempo.
O metrô soou o sinal de fechamento das portas, o garoto prateado correu em direção ao próximo vagão levando uns trocados e a sensação de que eu, você, nós poderíamos ter feito mais por ele...
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