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sexta-feira, 20 de maio de 2016

Olhos de Criança

8h, manhã gelada em São Paulo. Aquela garoa fininha que parece só ter aqui.
Passos apressados, agarro com força a mão pequenina e quente, vamos desviando dos transeuntes, rumo ao metrô.
Não tenho o hábito de andar com ele na rua, mas voltando do médico achei que seria um bom dia para ele finalmente conhecer o "trem" que vê passar pela janela. Desisti do Uber e seguimos o trecho de apenas alguns metros.
De repente ele parou e estático apontou para o mendigo que dormia na calçada.
"Mamãe, briga com ele, está deitado no chão, nesse frio!"
É filho, mas ele está enrolado no cobertor...
"Olha! O pé dele está dodói, tem sangue!"
Eu ainda puxando pelo braço, soltei com a voz já meio fraca...é filho, está dodói.
"Então vamos levar ele naquele médico."
A essa altura não sabia mais o que falar.

Segundos eternos, ele não arredava pé, a garoa já querendo engrossar.
Por fim ele disse: "ele não deve ter mamãe, nem papai, nem ninguém pra cuidar dele, coitadinho"
Vamos filho, está frio demais aqui...
Falei me arrependendo em seguida.
E logo uma frase clichê me veio à cabeça: "precisamos ver o mundo através dos olhos das crianças."
Eles enxergam o que não conseguimos mais ver.

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