Sempre me imaginei amamentando. Não
sabia como, (nem o quanto doía!) mas queria muito exercer meu papel de mãe mamífera.
Era um sonho sim, mas quando
finalmente aconteceu eu achei que não conseguiria. Imaginava que por ser algo
tão instintivo e até primitivo, o bebê já nasceria Ph.D. em mamar. Mas não é
assim viu. Ele precisa aprender, aliás, ambos precisam. Bom, depois de algumas
aulas práticas e intensivas, finalmente conseguimos nos entender.
Eu só não me
entendia com aquela dor. Como uma boquinha tão linda e desdentada poderia se
assemelhar com uma enorme barracuda? E aquela língua minúscula? De repente se
transformava numa lâmina de barbear!
Cadê aquele clima mágico entre
mãe e filho? Por que precisava ser tão sofrido?
Cada vez que se aproximava a hora
de mamar eu já me angustiava.
Mas enfim aquele primeiro mês
passou e finalmente chegou o tão sonhado momento “propaganda da Johnson”. Aí
era só ternura no momento mais sublime entre uma mãe e seu filho. A realização
máxima do meu sonho.
E o tempo passou...Durante seis meses eu era fonte exclusiva de alimento para ele. Não era dependência, muito menos escravidão como já ouvi por aí, era amor em estado bruto.
Depois novos alimentos foram introduzidos, mas o único leite que ele queria era o meu.
Agora meu bebezinho mais parece um moleque danado que corre e quer explorar o mundo, mas que ainda recorria ao aconchego do mamar na hora de dormir.
Esse momento está chegando ao fim
e 1 ano e 2 meses depois ele praticamente esqueceu do mama essa semana.
Dá uma certa tristeza, mas
estamos encerrando esse ciclo sem traumas e da forma mais natural possível.Novos ciclos virão, mas nunca me esquecerei daqueles olhinhos famintos encarando os meus...