Me chamo Leandra e sou apaixona pelas histórias da vida

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Justo a mim coube ser eu...

terça-feira, 16 de dezembro de 2014

Bye Bye 2014

Mais um ano que chega ao fim e eu aqui na missão de fazer minha tradicional retrospectiva.
Foi um ano de perdas: perdemos nossa Cacau tão amada, roubaram nosso carro, perdemos o emprego que nos sustentava, perdi meu pai...
Ano de preocupação extrema e de enfrentar um problemão maior do que podemos mensurar. (Esse infelizmente ainda sem solução aparente)
Ano de amargura. Houve quem me devotasse rancor, desamor, desprezo.

Mas 2014 não foi um completo carrasco.
Também foi o ano de acompanhar de perto o crescimento do meu pequeno com o coração transbordando de alegria e orgulho. Saúde, desenvolvimento, descobertas, amor maior que o mundo.
Ano de realizar um grande sonho. Frio na barriga, choro de saudade, riso frouxo, novos horizontes, muitos passeios, mais sonhos, mais saudades...

 
Em alguns momentos na vida nos deparamos com essa dicotomia e a divisão definida entre o bem e o mal e esse ano foi exatamente assim: extremo e dividido.
Felicidade X tristeza profunda. Alívio X preocupação. Amor X ódio.
A vida não é uma novela, mas às vezes se assemelha a um roteiro de alguém criativo e maquiavélico. Com aquelas  “coincidências” bizarras e pegadinhas do destino que nos deixam perplexos.
Mas o ano se foi e depois de tantos acontecimentos (bons e ruins, a vida é assim!) ficam o aprendizado e o amadurecimento.
Saio desse ano mais forte, mais dura também, com os dois pés atrás com meia dúzia de pessoas, mas também com o coração aberto para quem demostrou seu carinho genuíno, sua confiança e sua amizade.
Faço essa retrospectiva olhando para trás, mas já com o olhar lá na frente. Revivendo aqui os acontecimentos do ano que se finda, mas mentalizando para 2015 uma vivência plena e positiva.
Lembrando-me do que não foi bom, mas já pensando em ações que possam sanar os dissabores e, muitas vezes, evitá-los, para que não se repitam. E, se eles se repetirem, que eu possa com antecedência combatê-los ou me proteger, invocando a bondade divina, que está sempre perto de nós, aguardando apenas pelo nosso apelo.

 
É isso, nesse ano, mais do que pedidos, quero estar mais perto de Deus.
 

quarta-feira, 8 de outubro de 2014

I have a Dream...


"Somos assim: sonhamos o voo, mas tememos a altura. Para voar é preciso ter coragem para enfrentar o terror do vazio. Porque é só no vazio que o voo acontece. O vazio é o espaço da liberdade, a ausência de certezas. Mas é isso o que tememos: o não ter certezas. Por isso trocamos o voo por gaiolas. As gaiolas são o lugar onde as certezas moram."
Fiódor Dostoiévski, em Os Irmãos Karamazov

Cá estou, na iminência de realizar um grande e esperado sonho e...morrendo de medo!
Analisando a reflexão acima, percebo quantos foram os sonhos pelos quais deixei de lutar exatamente pela ausência de certezas e do receio do fracasso. Mas existe fracasso maior do que sequer tentar? 

Mas enfim, voltemos ao sonho!
(Esse mesmo, por pouco não ficou para trás!)

Hoje, queria gritar alto para o mundo ouvir a grande realização que estou prestes a vivenciar. Meu coração mal cabe dentro do peito tamanha emoção e expectativa.
Ao mesmo tempo fico remoendo as incertezas: o que nos espera, como o Lucca irá se comportar e o pior (e principalmente), o que os outros irão pensar?

Que raiva de mim por me importar tanto com o julgamento alheio, que na maioria das vezes provém de pessoas que na realidade nem gostam da gente e querem apenas especular e julgar.
Há algumas semanas assisti o espetáculo “O Homem de La Mancha”, musical de Miguel Falabella inspirado em Dom Quixote. Nessa versão brasileira, o diretor por sua vez se inspirou em Bispo do Rosário, artista plástico que ficou internado por mais de 50 anos em um hospício. A história inclusive se passa num manicômio dos anos 30.

O musical inteiro é permeado por uma atmosfera de sonho, meio insólito, meio insano, mas um tanto real. A mensagem que ficou para mim definiu-se pela trilha sonora e a mais emblemática foi com a música do Chico Buarque.
“Sonhar mais um sonho impossível
Lutar quando é fácil ceder
Vencer o inimigo invencível
Negar quando a regra é vender
Sofrer a tortura implacável
Romper a incabível prisão
Voar num limite improvável
Tocar inacessível chão...”


Quero que minha mente se volte apenas para o sonho, que eu consiga esquecer o medo, as fofocas, parar de pensar em tantas justificativas para dar, quero me jogar no vazio, me sentir livre e dar um chute nas gaiolas.
Sendo assim, vou ali realizar meu sonho e já volto!

sexta-feira, 20 de junho de 2014

Mamíferos


Sempre me imaginei amamentando. Não sabia como, (nem o quanto doía!) mas queria muito exercer meu papel de mãe mamífera.
Era um sonho sim, mas quando finalmente aconteceu eu achei que não conseguiria. Imaginava que por ser algo tão instintivo e até primitivo, o bebê já nasceria Ph.D. em mamar. Mas não é assim viu. Ele precisa aprender, aliás, ambos precisam. Bom, depois de algumas aulas práticas e intensivas, finalmente conseguimos nos entender.
Eu só não me entendia com aquela dor. Como uma boquinha tão linda e desdentada poderia se assemelhar com uma enorme barracuda? E aquela língua minúscula? De repente se transformava numa lâmina de barbear!

Cadê aquele clima mágico entre mãe e filho? Por que precisava ser tão sofrido?
Cada vez que se aproximava a hora de mamar eu já me angustiava.

Mas enfim aquele primeiro mês passou e finalmente chegou o tão sonhado momento “propaganda da Johnson”. Aí era só ternura no momento mais sublime entre uma mãe e seu filho. A realização máxima do meu sonho.
E o tempo passou...
Durante seis meses eu era fonte exclusiva de alimento para ele. Não era dependência, muito menos escravidão como já ouvi por aí, era amor em estado bruto.

Depois novos alimentos foram introduzidos, mas o único leite que ele queria era o meu.
Agora meu bebezinho mais parece um moleque danado que corre e quer explorar o mundo, mas que ainda recorria ao aconchego do mamar na hora de dormir.

Esse momento está chegando ao fim e 1 ano e 2 meses depois ele praticamente esqueceu do mama essa semana.
Dá uma certa tristeza, mas estamos encerrando esse ciclo sem traumas e da forma mais natural possível.
Novos ciclos virão, mas nunca me esquecerei daqueles olhinhos famintos encarando os meus...

sábado, 10 de maio de 2014

Sobre ser mãe

São quase 15h30.
Na rádio alguma banda das antigas toca uma música bonita e a tevê mostra um desenho excessivamente colorido.
Ela pega o bebê no colo e começa a balançar devagar, murmurando a letra da música, bem baixinho, no ouvido dele.
Antigas canções de rock clássico seguem tocando e um bocado de sono se misturam para fazer com que se sinta ainda mais sentimental. Aumenta um pouco o som, mas não o suficiente para que o bebê desperte.
Depois vem Bob Dylan e mesmo sem nunca ter gostado muito daquela voz nasalada começa a dançar, cabeça baixa, aperta o filhote em seus braços, fecha os olhos e se sente com 18 anos outra vez. Canta em voz alta, é constrangedor, mas ela não liga. Numa sala de uma casa geminada, dançando com o filho, de repente se sente muito feliz.
Sobe as escadas devagar e o coloca no berço. Ao sair do quarto pisa acidentalmente num brinquedo barulhento. Se volta imediatamente para o bebê e mesmo dormindo ele sorri. Sorriso lindo, filho lindo...
A casa parece muito quieta agora.
Olha mais uma vez para aquele rosto e se reconhece.  Então toma consciência disso e mais de um ano depois ainda parece não acreditar. Finalmente sai do quarto e pensa que ele é uma parte dela, talvez a melhor parte...
E nesse momento, mais que felicidade, sente que aquele fragmento de vida é um jubilo...

 

quinta-feira, 6 de março de 2014

Cacau


Tão difícil descrever esse sentimento. Lidar com a morte é sempre complicado, mas achei que por se tratar de um animal seria menos doloroso.
Nunca perdi um cachorro tão meu e com meu 'dna'.
Ela foi sonhada e planejada e lembro bem da nossa
ansiedade na véspera de busca-la no abrigo. Quando chegou e encheu nossa casa de alegria, senti que ali nascia uma verdadeira família.
Sempre tão meiga e às vezes meio bruta na forma de demonstrar seu carinho, era o cartão de visitas para quem chegava na nossa casa.
E até para aqueles que não a conheceram, sua história chegou, pois sempre falamos dela com brilho no olhar.
Que amor lindo, genuíno e incondicional o nosso.
Desejo que quem não entende do que estou falando um dia tenha o privilegio de sentir e receber esse amor.
Minha bebê de apenas 2 anos e 10 meses...me dói demais imaginar tudo que poderíamos viver ainda, mas sua passagem foi breve, porém muito intensa e você deixou um legado de amizade e companheirismo.
Me sinto honrada por ter sido escolhida para cuidar desse anjinho, que tanto me ensinou.
Minha 'sombra', será difícil chegar em casa e não ter você me esperando...
Acordar e não receber o seu bom dia...ver que o Lucca vai te procurar e não vai te achar.
Mas tenho o coração em paz, primeiro porque você se foi dormindo, sem sofrer. Segundo, porque fizemos tudo que estava ao nosso alcance, sem medir esforços.
Se pecamos, foi por excesso.
Se erramos, foi por te amar demais...
Descanse em paz meu amor.
 
 

quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

“Mas é só uma cachorra!”

É a frase que fico repetindo na minha cabeça quando sinto um aperto no peito e aquela vontade incontrolável de chorar.

É só uma cachorra...Mas é aquela que escolhemos no site da ONG e que correu até nós quando chegamos ao abrigo. Sim, parecia que ela já nos aguardava, pois dentre todos os filhotes ela foi a primeira a nos receber.

E agora, apenas 2 anos e meio depois, nos vemos diante das feições pasmas dos veterinários que simplesmente não conseguem explicar o que ela tem...e pior, não sabem dizer como ela ainda sobrevive.
Nos últimos seis meses já foram mais de 10 exames e 5 veterinários diferentes e não temos um diagnóstico. Começamos a seguir uma linha de tratamento, há uma melhora, mas algum exame faz cair por terra toda a teoria e outros sintomas aparecem. Tem sido assim...
É Cacau, ontem o papai ouviu dos médicos que você está com o coração grande. Isso eu sempre soube, você literalmente tem um coração enorme onde cabe cada pessoa que dedicou cinco minutos de atenção a você.
Puxa como dói não saber o que fazer. Ver sua bichinha definhar na sua frente e não poder ajudar.
Mas ao mesmo tempo tento e aceitar os desígnios de Deus e entender que por algum motivo precisamos passar por isso...nós e ela!
Um pequeno filme passa pela minha cabeça. O dia em que a trouxemos para casa, os passeios no parque, as aulinhas de “senta e dá a pata”, as vezes que chorei abraçada a ela e tantas outras em que permaneceu quietinha ao meu lado quando eu não estava bem. E quantas vezes imaginei o Lucca rolando com ela no chão...
Minha sombra que quase me fez tropeçar inúmeras vezes por andar colada a mim e me esperar no tapete do box enquanto tomava banho...caramba, difícil demais imaginar minha vida sem ela.
Em alguns momentos a esperança vai embora, o olhar e a descrença dos médicos me desespera e perco o chão.
Mas quando a vejo lutando, reagindo, voltando a andar e comer sozinha, uma enorme luz volta a aparecer no fim do túnel.
E é com essa animação que termino esse texto, porque me pego exatamente nessa brecha que a medicina não explica, na fé que tenho em Deus e, principalmente, na vontade que ela demonstra em viver.
É só uma cachorra...mas é a MINHA cachorra!