Na minha época de colégio não falávamos em bullying, ao
menos não chamávamos assim, mas claro que havia a zoação, a se havia. Eu particularmente
não posso me queixar muito, no máximo era a bochechuda, CDF, puxa-saco das
professoras, mas o que me magoava mesmo era ser a última escolhida para compor
os times.
Isso quando não conseguia escapar das aulas de educação
física. Preferia 5 horas de literatura a meia-hora fugindo de uma bola. Mas em algumas
vezes não tinha escapatória e lá estava eu, cabisbaixa, esperando que alguém me
escolhesse para sofrer na quadra.
Passados 12 anos e ufa! Estava livre da trigonometria e das
terríveis aulas de suar.
Mas aí eu me tornei adulta e quando a gente cresce P R E C I S A fazer
ginástica, não é o que dizem por aí? E lá fui eu pra academia.
Matrícula feita, as benditas lycras compradas e não me
arrisquei em nenhuma aula que demandasse o mínimo de coordenação motora. Engrenei na musculação e saia de lá me
achando o Stalone.
Só não entendia aquele suquinho colorido que o pessoal
costumava tomar em seus squeezes maneiros. Hoje em dia acho que chamam de
Whey-sei-lá-o-quê.
Bom, estava quase batendo meu próprio recorde de 3 meses
frequentando lá umas 2 vezes na semana. Porque tinha dia que estava chovendo,
ou frio, ou calor, ou tinha algum programa muito legal na tevê, ou era dia da
árvore, sei lá, tudo era desculpa para faltar.
Um dia, num frio danado, tinha prometido que não ia mais
faltar, estava concentrada pensando talvez em trabalho e chegando à academia
lotada às 7 da noite. Como eu disse estava frio e a porta de correr de vidro
que costumeiramente ficava aberta nesse dia estava fechadinha e foi nela que
minha testa e meu joelho deixaram sua marca. Se bobear estão lá até hoje. Não
sei se me recordo mais da queda e da dor ou das inúmeras pessoas que estavam na
bicicleta ergométrica de frente pra porta e passando mal de rir da moça
estatelada no chão.
O instrutor me ajudou a levantar tentando ser sério, entrei
com cara de choro e fiquei no banheiro por 1 hora. Quando finalmente tive
coragem de sair fui embora pra nunca mais voltar.
Assim acabava minha trajetória de musa fitness, mas
contribuí para que colocassem uma faixa adesiva para que ninguém mais
desconcentrasse o povo que estava ali para malhar e não para morrer de rir.
Mas como depois dos 30 ninguém pode ficar parado, cá estou
no meu novo projeto “xô sedentarismo”.
Dessa vez bem longe de academia, correndo por aí livre e
solta feito uma criança saltitante. Ainda esperando o tal bichinho me morder e
eu morrer de amor pela prática.
Mas tenho como grande inspiração meu tio de 56 anos que é maratonista e
espelho dos atletas que o acompanham.
Não tenho a pretensão de chegar ao nível dele, só não quero
mais dar de cara com a malhação e nem ser a última escolhida no time dos ativos
e saudáveis.
Então bora lá por mais 5km na conta! (É assim que eles falam! rs)