Me chamo Leandra e sou apaixona pelas histórias da vida

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Justo a mim coube ser eu...

segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

Adeus ano velho...

Virou clichê chegar ao final do ano dizendo: “Nossa, como passou rápido!”.

Achei que fosse coisa da vida adulta, pois a gente corre demais, muitas vezes nem vê o dia passar, conta para chegar os feriados e finais de semana e quando se dá conta mais um ano foi embora.
Mas até minha prima de 11 anos se queixou dias desses de que ‘parece que foi ontem’ que comemoramos o natal...

É, talvez aquela teoria de que a Terra está girando alguns milésimos de segundos mais rápido tenha algum fundamento.
A questão é que 2012 já virou passado. E a partir da meia-noite teremos 365 novas oportunidades de realizar aqueles sonhos que não saíram do papel.

Eu sempre gostei de fazer lista com pedidos e promessas: trocar de carro, matricular-se na academia, ter um emprego bacana, perder aqueles 3 kg que insistem em ficar, ser mais tolerante, mais tranquila, livrar-me dos preconceitos, ter um filho e sempre pedi saúde para minha avó e minha família.
Bom, esses foram os pedidos mais frequentes nos últimos anos, não necessariamente nessa ordem.

Mas na lista de 2013 não tenho coragem de exigir nada. Acho que seria até ingrato da minha parte.
O que pedir depois de um ano como 2012?


Mantive meus melhores amigos por perto. Houve algumas desavenças sim, mas a amizade foi maior.
O que pedir depois de um ano de tanta saúde? Depois de ver minha avó, estrela maior da minha constelação, completar 80 anos em ótima forma? E depois de ver o milagre da cura manifestar-se sobre meu ombro?

O carro novo não veio, nem o emprego, os quilinhos a mais se multiplicaram, mas veio o maior sonho de todos, aquele que parecia impossível! E Deus caprichou, mandou meu menino com nome e tudo! Um bebê que anunciou sua chegada antes mesmo de vir parar na minha barriga e que me deixou desmanchando de amor.
Hoje, dia 31/12, sou só ternura, sinto uma aura luminosa em torno de mim, pois sou mãe e não preciso mais de listas, não preciso de desejos materiais realizados, não farei promessas, só me curvo de joelhos e agradeço. Obrigada, obrigada, obrigada! 2012, você certamente será inesquecível.

2013, seja bem-vindo, não peço nada, mas se puder, continue trazendo saúde para todos, traga oportunidades, sonhos realizados, dias de esperança, encontros felizes,  sorrisos sinceros, gargalhadas de doer a barriga e traga para mim aquele que foi esperado por uma vida toda. Na verdade, quase já o sinto nos meus braços...
Aos meus amigos e familiares, desejo que possam escrever uma nova história e que tenham como pano de fundo esse ano novinho, cheio de novas possibilidades.

Até 2013!

quarta-feira, 21 de novembro de 2012

Show time

O dia começou como outro qualquer, exceto pela ansiedade do papai e da mamãe.
Saímos cedo e fomos fazer ginástica. Ah, eu adoro brincar na piscina.
Tudo ia normal, mas o coração da mamãe estava cada vez mais acelerado.
Quando saímos da piscina fomos a um lugar diferente, que não era nossa casa nem a casa da bisa.
Papai olhava no relógio a cada 5 segundos, até que chamaram pelo nome da mamãe.
Não entendi exatamente o que estávamos fazendo lá, mas parecia algo bem importante.
Uma moça de branco ficou medindo meu tamanho, meu peso, ouvindo meu coração e foi aí que percebi que era hora do show.
Mostrei para eles tudo que eu já sabia fazer. Dei soquinhos, passei a mão no rosto e abri o bocão. Pensei em dar um duplo twist carpado, mas não tinha muito espaço.
Acho que eu arrasei, porque a mamãe estava com vontade de chorar e o papai ficou bem emocionado.
Mesmo assim a moça chamada médica disse que eu estava tímido. Aí eu entendi o recado, perdi o pudor e abri bem as pernas.
 
Ohhhhh, a plateia foi ao delírio!
Enfim as luzes se acenderam e o show, quer dizer, o exame terminou.

Mas antes que você morra de curiosidade vou dizer as últimas palavras da mamãe antes de sairmos da sala: “Lucca, você é o meu pequeno milagre”.

domingo, 16 de setembro de 2012

Uma revolução em mim



Sabe todos aqueles clichês que a gente ouve desde sempre?
É o milagre da vida”.
Só vai mesmo saber quando for com você”.
A maternidade faz você entender e se aproximar mais da sua mãe”.
“Quando nasce um bebê, nasce também uma mãe”.
Pois é, meu bebê ainda nem nasceu e já estou vivenciando essas máximas.
Tem um turbilhão acontecendo aqui dentro e não consigo explicar metade dele.
Tudo ao mesmo tempo agora: felicidade, medo, cansaço, ansiedade, expectativa, enjoo, euforia, fome, sono, fome, sono, fome, mais sono e mais um tanto de enjoo!
São 3 meses de uma maravilhosa revolução instalada em mim.
O que virá pela frente? O que esperar quando se está esperando? (aliás, acho que preciso ler esse livro!).
Como preparar a Cacau, como preparar a casa e, principalmente, como me preparar para ser mãe?
Fico me lembrando de quando eu trocava a fralda das bonecas, as colocava para dormir, levava para passear para todo canto e até quando perdi a minha preferida na feira. Que mãezinha desnaturada! rs
Será que já nascemos prontas? Posso contar com esse instinto que carrego dentro de mim? Ele saberá o que fazer? E se eu não for uma boa mãe? E se cometer os mesmos erros que tanto apontei na minha própria mãe?
Quantas dúvidas...
Mas venha o que vier, pois estou doida para procurar pelas respostas.
Nunca imaginei que esse momento fosse se concretizar. É claro que sempre tive o sonho, mas parecia algo surreal e distante, que talvez nunca acontecesse comigo. 
Mas o milagre está sim se realizando aqui dentro, nesse exato momento.
Outra coisa que parecia impossível também aconteceu: estou mais emotiva.
Eu, que já chorava com propaganda de margarina, mal posso ver uma cena um tanto comovente, com música de fundo e pronto, o queixo já começa a tremer.
Vou confidenciar um segredo, mas não espalhem, por favor, pois tenho uma reputação roqueira a zelar! rs
Quem me conhece bem sabe da minha ojeriza por música sertaneja (Esse assunto já foi tema aqui no blog, quando disse que tento me livrar do preconceito musical. Bom, talvez meu bebê me ajude a mudar isso!). Mas então, voltando ao segredo, ontem chorei ouvindo Victor e Leo!
Hahaha...posso imaginar a cara de chocados de algumas pessoas lendo isso!
Não, não deixei de amar rock’n roll, ainda sou a fã nº 1 do Ozzy e do Black Sabbath, ainda piro ouvindo Iron, sou beatlemaníaca, mas aquela canção me pegou realmente desprevenida! 
Mas fico feliz que meus sentidos estejam mais sensíveis (o olfato que o diga!) e aproveito essa fase para me libertar dos preconceitos e me colocar à disposição de tudo que é belo, independentemente dos rótulos.
Ah, qual era a música?
Dá uma olhada no vídeo lá no final do texto...
Parece mais uma canção de ninar.
E olha que esses caras nem têm aquela voz estridente que eu associava a toda dupla sertaneja (hum, esse comentário soou meio preconceituoso né. calma gente, ainda estou trabalhando nisso!) 
Bom, o fato é que apesar de todas as incertezas, das mudanças e dos receios estou feliz como nunca. Saber que há outra vida dentro de você é algo realmente indescritível.
É o clichê mais lindo de todos... 



terça-feira, 4 de setembro de 2012

Alô, alô

Olá, tem alguém aí?
 
Vocês não me conhecem, mas eu conheço vocês. É que desde que eu entrei aqui na barriga da minha mãe eu a ouço falar que precisa atualizar o blog, mas nunca sabe exatamente o que escrever.
 
É que minha mãe está eufórica, mas não consegue achar um jeito lindo e especial para contar para vocês que eu estou na barriga dela. Ela demorou tanto que não aguentei!
 
Fiquei pensando e achei que seria legal fazer essa surpresa e contar eu mesmo (a) que em abril estou chegando.
 
Acho que posso chama-los de tio ou tia, né?
 
Então tios, eu ainda sou muito pequeninho, tenho apenas 2 cm, mas minha mãe disse que já me ama muito. E o papai também. E minhas avós. E meu avô. Ah, e as bisas, os tios, as tias, enfim, todo mundo já está contando os dias para me conhecer.
 
Bom, é isso. Agora estarei na área.
 
Acho que a mamãe ficará feliz com a maneira que encontrei de dar a notícia e algo me diz que daqui para frente não faltará assunto para postar aqui no blog.
 
A gente se vê em breve, um beijinho.
 
Ass. Bebê
 

sábado, 21 de julho de 2012

Comece o dia Feliz

Sabe aqueles momentos da vida que parecem cenas de filme?

Bom, sei que tenho um pezinho no drama, talvez os dois, mas há ocasiões em que só falta mesmo a trilha sonora rolando de fundo.

Se eu entendesse de astrologia diria que a culpa desse meu lado dramático aflorado é devido ao meu signo de sagitário com ascendência em...sagitário! rs

Mas enfim, voltemos às cenas de filmes reais no nosso cotidiano. Semana passada estava no metrô, voltando do curso, pensando na vida, refletindo sobre o momento atual do meu relacionamento conjugal, quando um senhorzinho sentou-se ao meu lado.

Alguns minutos depois ele virou-se para mim e disse: “Estou vendo que você é casada. Eu também fui casado, foram 54 anos de união e cumplicidade. Até que a perdi recentemente num desastre”.

Ui, nessa hora já me arrepiei.

Ele passou a falar da esposa com uma ternura inexplicável, disse o quanto sentia falta dela e como gostaria de olhar em seus olhos ao menos mais uma vez. Fiquei emocionada com o relato daquele estranho, totalmente desarmado à minha frente.

Antes de descer na próxima estação ele perguntou se poderia me deixar um conselho e um presente. Eu, meio sem jeito, respondi que sim.

O conselho foi que eu tentasse ser a melhor esposa, a mais amiga e companheira. Que nunca durmamos brigados. Que falemos ‘eu te amo’ todos os dias. E que eu ‘perca’ ao menos 5 minutos para escutar o marido reclamar do trabalho, do cliente mal-educado, enfim, para liberar um pouco do estresse do dia a dia.

O presente foi um livro chamado “Comece o dia Feliz”. É um daqueles do tipo em que se abre aleatoriamente e há mensagens individuais.

A mensagem daquele dia?

“Dance a música da vida. Qual a importância da música na sua vida? Música é uma seguida combinação de notas, cada uma significando um som e todas, em suas frases e melodia, construindo essa harmoniosa sensação de beleza, de paz e sensibilidade.
A música suave e harmoniosa é uma com uma higiene mental que alivia as tensões, tranquiliza o espírito, relaxa os nervos cansados e nos conduz a doce meditação do que há de mais belo e puro na natureza.
A música pode fazer o milagre de nos aproximar de Deus”.

Não sou capaz de afirmar se foi pura coincidência, ou se havia algo a mais naquele encontro. Mas prefiro acreditar que nada acontece por acaso. Pelo menos é mais poético assim. E tem mais cara de roteiro cinematográfico.


Ele desceu. Fiquei observando seu jeito de andar com dificuldade, muito provavelmente por conta da idade avançada, acenei com um sorriso e abri o livro.

Bom, depois disso então a música ficou mais alta, os créditos subiram e as luzes foram acesas...


quarta-feira, 18 de julho de 2012

Predicado verbal?

Ainda sobre o curso...

Primeira disciplina: língua portuguesa.

Ah, não poderia começar melhor!
Bico, bico. Essa está no papo. Todo mundo sabe que o conhecimento do idioma é inerente ao jornalista formado, mesmo que este não exerça a profissão.

Sempre me dei bem nesse quesito e por alguns instantes me esqueci das sábias palavras do meu amigo Marcão: “você vai perceber que na realidade não sabemos nada, ou quase nada!”.

Dito e feito. Pensar que era fácil foi um ledo e ingênuo engano.

Algumas vezes me sinto fazendo regressão. De volta à 5ª, 6ª, 7ª série. Para ter uma idéia, terminei o ensino médio aos 16 anos...Bom, já dá para imaginar quanto tempo faz que fiz a 5ª série!

Ditongo, hiato, adjunto adnominal, complemento nominal, predicativo do sujeito, aposto, vocativo, proparoxítona, mesóclise, predicado verbal?

Foi mesmo por essa língua extremamente complicada pela qual me apaixonei?

Ai, ai, o que de certa forma me conforta é saber que matemática será muito pior...


...Que enxerguemos o fato
De termos acessórios para nossa oração.
Separados ou adjuntos, nominais ou não,
Façamos parte do contexto da crônica
E de todas as capas de edição especial.

Páginas em branco



Voltar a estudar é sempre um grande desafio, seja para adquirir novos conhecimentos, seja para rever antigos conceitos.

No momento me vejo em meio a essa jornada, mergulhando de cabeça no fundo do baú, resgatando arquivos empoeirados, sentando-me na carteira da sala de aula (ainda é assim que se fala?) e ouvindo atentamente as explicações do professor.

Confesso que no começo achei esquisito e quando ia para a aula carregava comigo, além dos cadernos e apostilas, certa revolta pelos sonhos não realizados, alguma vergonha e um punhado de frustrações.

Mas encarei o desafio de voltar um passo atrás na esperança de logo, logo dar dois à frente. E tem sigo uma grande lição de humildade e autoconhecimento.

Tenho acordado renovada a cada dia e aos poucos vou percebendo que, de certa forma, quando nos levantamos pela manhã, começamos de novo nossa vida.

E pela primeira vez tenho a impressão de que uma mudança radical (e/ou um recomeço) pode ser um sofrimento enquanto está acontecendo, mas depois pode se transformar em uma oportunidade maravilhosa e mudar a  ida para muito melhor.

Entendi que o importante é sair da inércia, e por mais difícil que seja, nos reinventar e nos redescobrir a cada dia. 

E cá estou, começando de novo, por baixo, como convém. E já posso dizer que há poucas coisas mais edificantes na vida que recomeçar, relevando as mágoas, engolindo as lágrimas, encarando as frustrações, mas, principalmente, lançando um olhar otimista para o futuro.

domingo, 24 de junho de 2012

Almas à venda

Adoro livros, peças de teatro, saraus, museus, enfim, me interesso por arte e cultura em geral. Mas tenho que confessar que para mim o cinema é algo realmente extraordinário.

Ah, o cinema! Já parou para pensar em quantas aventuras já esteve durante um filme?
Quanta coisa viu, aprendeu, imaginou, sentiu em frente à tela? E nem precisa ser aquela grande, pode ter sido na sua casa, deitada no sofá, quietinha sem sair do lugar, mas estando tão, tão longe.
Às vezes em outro país, muitas vezes em outro planeta...

Adoro filmes. Dos cabeça aos água com açúcar, contanto que instigue algum dos meus sentidos (ou todos eles!).
Dia desses, zapeando pelos TeleCine da vida, me deparei com um filme chamado “Almas à venda” com o ator Paul Giamatti. O TC Cult traz os clássicos ou aquelas tramas alternativas e eu adoro esse canal, mesmo assistindo menos do que gostaria.
Mas enfim, estava eu diante daquele título instigante e precisava conferir.
Tudo acontece quando em meio a uma crise existencial, Paul (o próprio Paul Giamatti fazendo o papel de um ator famoso), procura solução num laboratório conhecido como Armazém das Almas, que oferece alívio para suas almas cansadas. Ele decide então extrair sua alma. Mas diante da tentativa fracassada de viver e atuar sem uma alma, aluga a suposta alma de um poeta russo. As coisas mudam quando ele conhece Nina, uma russa contrabandista de almas!
Em determinada hora ele vira para a esposa e conta sobre a confusão e a troca de almas. Ela então se volta para ele e diz: “Você agora então é um desalmado!”.
Enquanto isso, a pessoa que está com a alma dele acha que comprou a alma do Al Pacino. Esse sim, um ator importante e reconhecido.
Que viagem né! Mas puxa, que roteiro genial!
Pois foi vendo esse filme que outro passava na minha mente, relembrando tantas histórias incríveis que já passaram diante dos meus olhos através dessa mágica.
Clint Eastwood, Almodóvar, Tarantino, Tim Burton, Coppola, Chaplin, Woody Allen, Fellini, Scorsese…meu sonho é conhecer TODOS os seus filmes e ter análise crítica para comparar suas obras e ser daquelas pessoas cultas que discorrem sobre o tema com segurança e embasamento.
Infelizmente (talvez por mera falta de empenho) meu repertório cultural ainda não me permite fazer tais análises.
Mas sou muito grata, pois a vida seria muito chata sem eles.
Graças a esses caras (e tantos outros que não me lembro do nome ou ainda não conheço) nosso mundo é muito mais colorido e podemos ao menos por alguns instantes viver essa magia.
Que triste seria viver sem ter visto O Senhor dos Anéis.
Sem ter chorado com Menina de Ouro.
Sem ter rido com Noivo Neurótico, Noiva Nervosa.
Sem cantar as músicas enquanto os Fantasmas se Divertem.
Sem ter pensado que seria bom viver com Um Brilho Eterno de uma Mente sem Lembranças ou pensar que seria possível ir De Volta para o Futuro.
E sem aquele risinho de maldade com Bastardos Inglórios?
Ou sem ouvir as histórias do Forrest Gump.
Nem ter um dia para Curtir a Vida Adoidado.
Bom, poderia ficar horas citando meus filmes preferidos, mas acho que vocês já entenderam o que eu quis dizer...rs
O que eu espero mesmo é que esse meu fascínio nunca acabe.
Salve o cinema. Save Ferris!

sexta-feira, 1 de junho de 2012

Qual a razão da emoção?


07h00 – O despertador do celular avisa que você precisa levantar. Ao mesmo tempo em que ele te alerta, ele pergunta (ou sugere): confirma ou soneca?
Só mais 10 minutinhos vai...
07h10 – Novamente a pergunta tentadora: soneca ou confirma?
A razão sabe que se você não levantar agora, fatalmente irá se atrasar. Já o lado emocional te provoca a vontade de curtir um pouco mais o edredom nesse dia frio.
A razão faz você pular da cama e se apressar.
A emoção pode fazer você chegar atrasado, ou nem chegar!
Em quantos momentos da nossa vida nos vemos nessa situação, divididos entre a razão e a emoção?
A diferença é que na maioria das vezes as decisões são mais complexas do que essa.
A impressão que eu tenho, pelo menos na minha vida, é que a emoção é quem guia a maioria das minhas decisões. Não deveria, mas é assim.
Penso que a emoção é completamente hedonista, ela te mostra o prazer das coisas e nos afasta do esforço.
Talvez esteja aí o segredo da tal zona de conforto. Que muitas vezes nem é tão confortável assim, mas algo no impede de sair dela.
É a emoção que fica com uma preguiça danada de sair da inércia.
Não se trata de indolência ou incapacidade, é simplesmente virar a chave na sua mente. E determinar objetivos concretos, estipulando data para começar e concluir e ser o mais específico possível. Para mim só funciona assim...e olhe lá!
A verdade é que só mudamos mesmo quando convencemos os dois lados: emoção e razão.

Caso contrário, você pensa em uma coisa e faz outra.
Você sabe o que é ‘certo’, mas a emoção te enlaça para outro caminho.
Puxa, quero mudar tanta coisa, quero tanto resistir “às sonecas” que a vida tão tentadoramente me apresenta, mas será que meu cérebro está realmente convencido disso?
Aliás, eu estou? 

                                     

terça-feira, 24 de abril de 2012

Espelho, espelho meu

Em tempos de exposição exacerbada e de colocarmos nossa linda vida na vitrine das redes sociais, me pego novamente pensando acerca da vaidade.
Seria fácil dizer aqui que a vaidade tende a ser pura futilidade e ostentação, que é normal ficar gabando-se em frente ao espelho, brincando de contos de fadas, perguntando quem é a mais bela, o mais rico, a mais inteligente, o mais sarado.
Mas julgar e apontar o dedo não são formas muito eficazes de abordar um tema.
Eu mesma já me julguei como sendo da turma dos “não vaidosos”, pintei as unhas de vermelho só depois dos 30 anos, era avessa à maquiagem, sempre fui conservadora com os cabelos e com a maneira de vestir, exaltei muito mais os livros que lia do que a marca da roupa que usava, nunca fui do tipo de querer chamar a atenção. Mas mesmo essa maneira de andar na contramão e de viver à margem da moda, também são formas da mais pura vaidade.
E se pararmos para pensar, o que não é vaidade? A roupa que vestimos, o perfume que usamos, a comida que comemos, os lugares frequentados, o carro, a casa, os livros que lemos, tudo aquilo que consumimos e as pessoas com quem convivemos. Tudo isso é vaidade, é instável e é vão!
Consciente ou inconscientemente, tudo é pensado para atrair a atenção do outro. E ainda que sejamos o menos hedonista dos mortais, não podemos aceitar nada menos que a admiração e o orgulho alheio. E onde fica a inveja?
A famigerada inveja. Que ninguém sente. Não declaradamente.
A nossa cultura trata a inveja como um desvio de caráter. E as pessoas acabam por não as assumirem e assim as reprimem no inconsciente, juntamente com todas as emoções e sentimentos que não admitimos possuir.
A questão é que a inveja denuncia nossa condição de inferioridade. Mas não é um paradoxo impedir o ser humano de sentir o que ele já sentiu?
Quando nos damos conta, ela já está instalada. Acho que a grande sacada é saber o que fazer com ela.
Mas não me venha com essa de “inveja boa”, isso para mim é pura hipocrisia, é um disfarce que não funciona.
Que mundo doido. Olho para essas vitrines e penso o que de fato há por trás delas.
Não posso demonstrar fraqueza e nem devo despejar minhas dores e lamentações. Mas tampouco devo exaltar minhas conquistas e meus dotes físicos. Então enfim, qual o equilíbrio disso tudo?
E não me refiro apenas às redes sociais. Essa é apenas uma das vitrines. Digo da filosofia de vida. Da postura que devemos ter perante aos nossos valores.
O culto ao consumo me irrita, mas faço parte dele. Caio nessas armadilhas de enaltecer o restaurante de nome que frequentei, a viagem da moda, a roupa de grife. Quando vi já foi dito, já foi divulgado e já está estampado na minha vitrine também.
Mas tem como nadar contra essa maré?
Que prazer é esse que temos de nos exibir o tempo todo? E de parecer melhor que o outro, sempre!
É um vício perigoso. Que alimenta a ganância e a arrogância e nos torna cada vez mais prepotentes, exaltando todos os seus sinônimos como o abuso de poder, a opressão, a tirania e o despotismo.
Somos eternos pavões exibindo suas plumas. Mas que fique claro que as minhas são as mais coloridas e vibrantes, ok?
E aí, que tal assumirmos nossas invejas e vaidades e colocarmos tudo no devido lugar? Não, eu não quero ser melhor que você, não quero que você inveje minhas condições, mas tudo isso faz parte da condição humana.
Só precisamos ter cautela e não fazermos disso prioridade na nossa vida.
Então, assumo aqui minha "falsa modéstia", minhas fraquezas, ciúmes e despeitos. Mas também assumo que quero estampada na minha vitrine a vontade de ser uma pessoa melhor, com valores cada vez mais perenes e estáveis.

quarta-feira, 11 de abril de 2012

Portinari e o parente da formiga


Fui com meu amigo Marco ver, finalmente, a exposição dos painéis Guerra e Paz, de Portinari, no Memorial da América Latina.
A primeira surpresa foi a grande quantidade de pessoas que teve a mesma idéia que a gente, embora houvesse muitas excursões escolares, o que tumultuava um pouco o ambiente.
Primeira parada: ver os esboços, ensaios e inúmeros estudos que o artista fez antes de começar efetivamente a pintar os painéis.
Não somos especialistas em arte, apesar do Marco logo constatar a influência cubista nas obras, mas independentemente das possíveis leituras, como é bonito de se ver.
Quanta perfeição, que riqueza de detalhes, que expressão nos olhos daquelas Pietás desesperadas.
Em meio à observação dos quadros e da leitura de textos belíssimos, era impossível ignorar as crianças ali presentes, muitas delas deixando suas valiosas impressões.
Diálogo entre professora e aluno (com uns 5, 6 anos):
- Olha gente, esses quadros retratam os orfãos. Quem aqui sabe o que é um orfão?
Um menino prontamente levanta o braço e com muita firmeza responde:
- É o parente da formiga, professora!
Criança e arte tem tudo a ver. Quanta espontaneidade!
Até agora estou me perguntando de que lugar da caixola o menininho tirou essa pérola!
Segunda parada: vídeo com obras de Cândido Portinari, com muitos retratos que eu não conhecia.
Terceira e última parada: os painéis.
Uau!
E onde encontrar palavras para descrever aqueles dois painéis de 14 x 10 m cada?
A expressão do horror da Guerra, com todo seu desespero e dor. E a Paz, das crianças brincando na rua ao coral dos meninos de Brodowski.
Linda obra, acompanhada de texto de Drummond, que joga luz (literalmente) em cada pedacinho dos gigantes, esmiuçando cada detalhe e deixando nossa imaginação correr solta.
Sempre me entristeço com a história deste impressionamte pintor, que foi sucumbido pela sua paixão pela pintura e morreu em nome da arte.
Bonito passeio, grande encontro, valeu Portinari.

domingo, 25 de março de 2012

Direto da concha

Estou sumida. Há tempos estou com vários temas para escrever e acabo por não desenvolver nenhum e, assim, os textos ficam inacabados.
Apesar de achar que toda obra, mesmo que seja apenas um texto despretensioso para um blog, é algo inacabado. Eu mesma, muitas vezes, tenho vontade de mudar uma frase ou outra, dar uma continuidade ou simplesmente deletar tudo. Mas não, pois já está escrito e “virou oficial”, como dizia uma professora da faculdade de jornalismo.
Mas enfim, o fato é que eu sumi. Talvez porque muitos dos meus posts (acho que todos eles) têm um cunho extremamente pessoal e eu, agora, estou numa fase mais introvertida.
Nada demais, apenas estudando, planejando e ansiando dezenas de coisas, não necessariamente nessa ordem.
Cabeça a mil, milhões de coisas para decidir e resolver. E o tempo ligou o turbo! E se o ano passado passou rápido, esse veio para mostrar que pode correr ainda mais.
Também ando com aquela ansiedade que adora me acompanhar. Mas ainda teimo em domá-la a qualquer custo.
Uma antiga companheira também deu as caras, essa some de vez em quando, mas vira e mexe volta para passar uma temporada: a dor.
Bom, mas não quero falar dela. Ela já tem espaço demais na minha vida. Fica quietinha aí no seu canto, finge que me esquece e eu rapidinho esqueço de você.
E para terminar esse texto sem pé nem cabeça, deixo aqui um poeminha que gosto bastante e uma canção para alegrar a semana.
 
É isso.
 "Se as coisas são inatingíveis... ora!
Não é motivo para não querê-las..."
M. Quintana


quarta-feira, 7 de março de 2012

Je suis besoin de toi



A palavra saudade só existe na língua portuguesa. O "I miss you" não dá conta de expressar uma saudade...
A saudade vem sem avisar, não bate na porta, ela simplesmente invade, preenche, ocupa.
A gente não mata a saudade coisa nenhuma. Nós até podemos espantá-la um pouco, mas logo ela volta.
Ando com saudades. Muitas delas.
Especificamente de uma pessoa, uma parte de mim, uma metade que me falta.
Minha amiga, minha confidente, minha titia.
Tenho saudade até daquilo que nunca vivemos.
Não a vejo há quase 16 anos. Daqui a pouco posso dizer que vivi mais sem ela do que com ela. E por que ainda dói tanto?
Ela é uma heroína, uma mulher forte da minha família que foi desbravar esse mundão em busca de uma vida melhor.
Mora nos EUA, chegou lá com marido e 3 filhos pequenos. E batalha muito!
Seu sobrenome é trabalho. Mas como é divertida aquela mulher.
É uma pessoa que chega chegando, que fala o que pensa e que tem ternura e ao mesmo tempo muita garra no olhar.
Quantas saudades...
Dizem que a gente tende a valorizar a pessoa que está longe ou que partiu, mas não com ela.
Mulher linda, bondosa, maluca, divertida!
Quero seu abraço de urso, quero seu colo, quero passar horas te falando da minha vida, quero olhar nos seus olhos, quero falar besteira e ouvir sua risada gostosa.
Que mundo é esse em que precisamos sair da nossa terra, colocar a bandeira nas costas e atravessar oceanos em busca de melhores oportunidades?
E o pior, que mundo é esse que nos impõe tantas fronteiras, em que nos é negado nosso maior direito que é a liberdade de poder ir e vir?
S-a-u-d-a-d-e
Saudade que dói, que me tira o ar, que me faz chorar.
Quanta saudade de você...



O tempo não pára! Só a saudade é que faz as coisas pararem no tempo...

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Meu bicho papão


Toda vez que eu digo a frase: “eu tenho medo”, lembro comicamente da campanha de José Serra em 2002. Mais especificamente de um filme em que Regina Duarte dizia estar temerosa com a reviravolta pela qual o país poderia passar, do retrocesso da economia e do bicho papão da inflação. Enfim, era o verdadeiro estereótipo psdebista assustado com a gente "diferenciada" que estava prestes a tomar o poder.
Gozado que mesmo quando estou triste, é só dizer essas palavras que me lembro da cara de cachorrinho sem dono da namoradinha do Brasil!
Mas, antes que meus leitores debandem, não fiquem com medo, não é um texto sobre política. (Embora, cedo ou tarde, vou acabar falando sobre ela)
Tenho pensado muito sobre os meus medos e como ultrapassá-los, se é que isso é possível.
Da morte, de ficar sozinha, de assalto, de violência, de perder quem eu amo, de rato, de gordura trans, de não ser uma boa mãe, de nunca ser mãe, de câncer, do novo, do aquecimento global, do fracasso, medo até de ser feliz!
Com tantos medos, qual a solução para vencê-los? Será que devemos viver sem eles ou, apesar deles?
Eu me considero uma pessoa medrosa. Durante muitos anos tive medo de dirigir, medo não, pânico, fobia, sei lá, só sei que era uma sensação realmente incapacitante. Hoje, eu dirijo sozinha numa boa, mas nunca superei o medo, ele existe e é ele quem impõe os meus limites.
Na adolescência, eu tinha um medo absurdo de cachorro. Atravessava a rua se havia um na calçado, podia ser pequeno, manso, não importava. Meu cérebro detectava um cachorro e já emitia os sinais: taquicardia, sudorese nas mãos, pânico total. Até que ganhei um filhotinho de Cocker Spaniel do meu namorado na época e fui aprendendo a conviver com o medo. Hoje, sou apaixonada por cães, mas o medo ainda existe e é ele quem dá discernimento para limitar até aonde posso ir.
Quando eu era criança, alguém me disse que os avós morriam logo. Eu, criada pela minha avó, a quem chamo de mãe e por quem sempre morri de amores, fiquei amedrontada com aquela afirmação. Eu devia ter uns 7 anos e desenvolvi um medo enorme de perdê-la. Durante um tempo isso foi tão intenso que contava os minutos para chegar da escola e meu maior receio era chegar em casa e ela não estar lá. Lembro-me de chegar e ficar procurando por ela. Meu coração só desacelerava quando ela me abraçava forte e eu podia sentir seu cheiro. Enquanto a procurava, minhas mãos suavam e meu coração parecia querer sair pela boca. Hoje, ainda penso nisso e vez ou outra aqueles sintomas voltam quando ela fica doente. O medo não foi embora, ele existe e é intenso, mas não me domina mais. Quando ele quer ficar forte, lembro que 20 e tantos anos se passaram e aquela garotinha teve a honra de crescer ao lado de um ser humano incrível e desfrutar de momentos maravilhosos. E, mais uma vez, é o medo que me faz valorizar cada momento ao lado dela.

Para quem vê de fora, esses podem ser medos tolos. Cheguei a ouvir: "dirigir é mais fácil que andar de bicicleta" ou "isso tudo é frescura", mas só a gente pode pintar quão feio é o nosso bicho papão.
Mas agora me pergunto, o medo é algo bom afinal de contas?
Convivo com ele a vida inteira e não sei ao certo como responder a essa pergunta.
Refletindo sobre o assunto, reconheço a importância do medo, mas não quero que ele me paralise ou me domine.
Incertezas, inseguranças e angústias me acompanharão, mas quero que a coragem se fortaleça e se faça presente sempre que a mão suar e o coração disparar...

segunda-feira, 30 de janeiro de 2012

O sopro renovador


Você vai morrer.
É, você vai morrer. Seus pais, seus irmãos, seus filhos, seus melhores amigos, todos irão morrer um dia.
Muito triste pensar nisso né?
Os céticos veem apenas como um processo natural. Mas, acredito que a grande parte das pessoas enxerga a morte de maneira mais “poética”. O fato é que há muito misticismo envolvido. Além de uma aura de mistério e magia.


Cada um dá à morte significados diferentes. Óbito, falecimento, passagem, desencarne.
Não quero aqui discutir religião, tampouco pregar sobre as minhas crenças, embora goste de pensar que a morte é o sopro renovador (parafraseando Chico Xavier). Dá uma sensação de conforto acreditar que a morte é uma passagem para o outro lado da vida e que eu possa reencontrar as pessoas que eu amo...algum dia, em algum lugar.

Mas enfim, não serei mórbida falando daquilo que ninguém gosta de pensar. Principalmente, quando se trata dos nos nossos entes mais queridos.
Trouxe esse assunto porque há algumas semanas, desabafando com uma amiga sobre algumas mágoas e tristezas e da minha desilução com certas atitudes, ela me aconselhou que quando eu estivesse assim, ao invés de proferir palavras duras e nutrir um sentimento de raiva, que eu simplesmente parasse por um instante e pensasse: “e se essa pessoa morrer?”.

Achei curioso o método usado por ela para ser uma pessoa menos rancorosa e perdoar com maior facilidade.
Muitas vezes, depois de uma discussão acalorada, você fala mais do que sente, potencializa sua raiva e, com certo desdém, se convence de que aquela pessoa não te faz falta e que você é autossuficiente. Mas quando as coisas se acalmam e você percebe que não era bem assim, fica uma sensação de gratidão por poder tentar de novo e ter tempo para consertar as coisas.

Ficando de olho na morte e usando esse lembrete de que morreremos um dia, será que podemos melhorar nossos relacionamentos?
Às vezes, penso na perspectiva que as pessoas têm da vida quando estão diante da iminência da morte. A ânsia por desfrutar de tudo aquilo que ainda não fez. A sede pela vida!

Mas não é muito inteligente da nossa parte ficar esperando um dignóstico ruim para saudar a vida a cada dia e recebê-la como o presente, que ela de fato é.
Daqui para frente quero seguir esse conselho à risca, porque diante da morte e de sua grandiosidade (seja ela uma passagem ou simplesmente o fim da linha) todo o resto parece pequeno.

“Eu te amo, você é importante para mim e agradeço por fazer parte da minha vida e da minha história”...é essa a mensagem que quero passar para as pessoas que eu amo, enquanto ainda posso olhar nos olhos delas, ao menos nesse encontro, nesse tempo, nessa vida...

"A vida não cessa e a morte é um jogo escuro de ilusões, fechar os olhos do corpo não decide os nossos destinos, é preciso navegar no próprio drama ou na própria comédia. Uma existência é um ato, um corpo, uma veste, um século, um dia, e a morte é o sopro renovador, mais não vou sofrer com a ideia da eternidade, é sempre tempo de recomeçar."