- Oi, meu nome é Camila e o seu?
- Leandra
- Leandra, quer ser minha amiga?
- Oi??? Ah, tá bom, podemos sim.
- Agora que somos amigas podemos brincar juntas e passear, e você pode ir na minha casa e eu na sua, e posso te contar que gosto do Rodrigo e...
- Que legal Camila, mas agora eu tenho que ir tá? Outro dia a gente conversa...
- Leandra
- Leandra, quer ser minha amiga?
- Oi??? Ah, tá bom, podemos sim.
- Agora que somos amigas podemos brincar juntas e passear, e você pode ir na minha casa e eu na sua, e posso te contar que gosto do Rodrigo e...
- Que legal Camila, mas agora eu tenho que ir tá? Outro dia a gente conversa...
Bom, eu tinha uns 14 anos, ela um pouco mais. Grandes olhos verdes me
fitavam com curiosidade e eu lá, com um misto de surpresa e
constrangimento.
Estudei 12 anos no mesmo colégio e lá ainda há um
núcleo da AACD. Então havia uma integração nas salas com crianças que
possuíam necessidades especiais.
Muitos amigos queridos que
ajudávamos com suas cadeiras de rodas e muletas. E tinha também a
Claudinha que me ensinou um pouco de braile.
Em compensação, eles nos ensinavam a sermos gratos pelo que a gente tinha e a ver que mesmo com uma vida difícil era possível ser alegre, engraçado, rabugento, tirar sarro, enfim, ser crianças/adolescentes perfeitamente normais.
Em compensação, eles nos ensinavam a sermos gratos pelo que a gente tinha e a ver que mesmo com uma vida difícil era possível ser alegre, engraçado, rabugento, tirar sarro, enfim, ser crianças/adolescentes perfeitamente normais.
Havia também as crianças que ficavam num setor separado, a maioria
delas com problemas de saúde mais severos e déficits motores e cerebrais
maiores.
A mãe de uma amiga trabalhava lá e foi num dia em que estava distraída esperando por elas que conheci a Camila.
Não nos tornamos amigas, sequer nunca mais conversamos, embora ela não deixasse de me dar um abraço de urso sempre que nos encontrávamos pela escola.
Não nos tornamos amigas, sequer nunca mais conversamos, embora ela não deixasse de me dar um abraço de urso sempre que nos encontrávamos pela escola.
Já se passaram vinte anos e eu nunca esqueci a linda criança
grande de olhos verdes curiosos. Sinto remorso e arrependimento por não
ter dado a devida atenção ao que aquilo significava pra ela e por, no
fundo, achado que éramos muito diferentes.
Por onde você anda, Camila? Acho que preciso daquele abraço...