Me chamo Leandra e sou apaixona pelas histórias da vida

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Justo a mim coube ser eu...

quarta-feira, 13 de maio de 2015

- Oi, meu nome é Camila e o seu?
- Leandra
- Leandra, quer ser minha amiga?
- Oi??? Ah, tá bom, podemos sim.
- Agora que somos amigas podemos brincar juntas e passear, e você pode ir na minha casa e eu na sua, e posso te contar que gosto do Rodrigo e...
- Que legal Camila, mas agora eu tenho que ir tá? Outro dia a gente conversa...
 
Bom, eu tinha uns 14 anos, ela um pouco mais. Grandes olhos verdes me fitavam com curiosidade e eu lá, com um misto de surpresa e constrangimento.
 
Estudei 12 anos no mesmo colégio e lá ainda há um núcleo da AACD. Então havia uma integração nas salas com crianças que possuíam necessidades especiais.
Muitos amigos queridos que ajudávamos com suas cadeiras de rodas e muletas. E tinha também a Claudinha que me ensinou um pouco de braile.
Em compensação, eles nos ensinavam a sermos gratos pelo que a gente tinha e a ver que mesmo com uma vida difícil era possível ser alegre, engraçado, rabugento, tirar sarro, enfim, ser crianças/adolescentes perfeitamente normais.
 
Havia também as crianças que ficavam num setor separado, a maioria delas com problemas de saúde mais severos e déficits motores e cerebrais maiores.
 
A mãe de uma amiga trabalhava lá e foi num dia em que estava distraída esperando por elas que conheci a Camila.
Não nos tornamos amigas, sequer nunca mais conversamos, embora ela não deixasse de me dar um abraço de urso sempre que nos encontrávamos pela escola.
 
Já se passaram vinte anos e eu nunca esqueci a linda criança grande de olhos verdes curiosos. Sinto remorso e arrependimento por não ter dado a devida atenção ao que aquilo significava pra ela e por, no fundo, achado que éramos muito diferentes.
 
Por onde você anda, Camila? Acho que preciso daquele abraço...

segunda-feira, 20 de abril de 2015

Are you ready?

A gente cresce e a partir de algum momento começa a sonhar.
Idealiza, faz planos e se projeta para os grandes momentos da vida. Mas o fato é que nunca estamos verdadeiramente preparados.
Estudamos para fazer uma prova, para uma entrevista de emprego, ensaiamos quando vamos ter uma conversa difícil, mas a vida real te prega peças ela (aparentemente) não segue um roteiro.
E, infelizmente, não dotamos de uma máquina do tempo para voltar e refazer o que gostaríamos de mudar.

Não estamos preparados para o NÃO que iremos levar.
Tampouco para aquele desvio de rota que mudará completamente sua vida profissional.
Não nos preparamos para o fracasso, nem para a doença, muito pouco para as perdas.
Assim como não nos preparamos para aquela paixão avassaladora, nem para a preocupação  fraternal e muito menos te apresenta um Plano B completo quando as coisas dão errado.
A vida não te prepara quando enche seu coração do mais genuíno amor e também não te avisa quando irá se decepcionar.
Não estamos preparados para o amor que seu filho vai despertar nas pessoas, tampouco para a indiferença de outros.
Enfim, podemos e devemos estudar, sonhar, planejar, fazer contas e às vezes, guardar as moedinhas, mas o maior clichê do mundo não pode ser esquecido: a vida é uma viagem, é um passeio, vivido apenas uma vez, sem rascunho.

É comum sonhar com uma vida extraordinária...

E temos duas opções diante de tanto "despreparo": nos entregar à lamentação e à amargura ou viver um dia inteiro de cada vez...o seu dia extraordinariamente comum.

Confesso que muitas vezes alterno essas sensações e é nessas horas que volto a sonhar e começo tudo de novo...

sábado, 28 de fevereiro de 2015

365 sem você

Confesso que já parei de esperar por você quando eu chego em casa.
Quando ouço um latido já não paro aqueles segundinhos para constatar se foi você.
Mas ainda hoje me pego falando de você no presente, me emociono vendo suas fotos, sinto uma dor no coração quando o Lucca fala: “Cacau estrelinha” e não seguro as lágrimas quando vejo um cachorro cumprindo sua missão de fazer alguém feliz.
Mas cada vez que perco a esperança na humanidade é quando mais sinto sua falta.
E quando estou muito carente, fecho os olhos e lembro do amor genuíno e sincero que você me devotava.
Quanta coisa se passou nesse 1 ano...
Nos momentos tristes eu chorava baixinho e lembrava de você ao meu lado nessas horas: quietinha e cúmplice.
E nos momentos felizes, torcia muito para que você estivesse vendo...
 
 

 

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Eu e a educação física



Na minha época de colégio não falávamos em bullying, ao menos não chamávamos assim, mas claro que havia a zoação, a se havia. Eu particularmente não posso me queixar muito, no máximo era a bochechuda, CDF, puxa-saco das professoras, mas o que me magoava mesmo era ser a última escolhida para compor os times.

Isso quando não conseguia escapar das aulas de educação física. Preferia 5 horas de literatura a meia-hora fugindo de uma bola. Mas em algumas vezes não tinha escapatória e lá estava eu, cabisbaixa, esperando que alguém me escolhesse para sofrer na quadra.

Passados 12 anos e ufa! Estava livre da trigonometria e das terríveis aulas de suar.

Mas aí eu me tornei adulta e quando a gente cresce P R E C I S A fazer ginástica, não é o que dizem por aí? E lá fui eu pra academia.

Matrícula feita, as benditas lycras compradas e não me arrisquei em nenhuma aula que demandasse o mínimo de coordenação motora. Engrenei na musculação e saia de lá me achando o Stalone.
Só não entendia aquele suquinho colorido que o pessoal costumava tomar em seus squeezes maneiros. Hoje em dia acho que chamam de Whey-sei-lá-o-quê.

Bom, estava quase batendo meu próprio recorde de 3 meses frequentando lá umas 2 vezes na semana. Porque tinha dia que estava chovendo, ou frio, ou calor, ou tinha algum programa muito legal na tevê, ou era dia da árvore, sei lá, tudo era desculpa para faltar.

Um dia, num frio danado, tinha prometido que não ia mais faltar, estava concentrada pensando talvez em trabalho e chegando à academia lotada às 7 da noite. Como eu disse estava frio e a porta de correr de vidro que costumeiramente ficava aberta nesse dia estava fechadinha e foi nela que minha testa e meu joelho deixaram sua marca. Se bobear estão lá até hoje. Não sei se me recordo mais da queda e da dor ou das inúmeras pessoas que estavam na bicicleta ergométrica de frente pra porta e passando mal de rir da moça estatelada no chão.
O instrutor me ajudou a levantar tentando ser sério, entrei com cara de choro e fiquei no banheiro por 1 hora. Quando finalmente tive coragem de sair fui embora pra nunca mais voltar.
Assim acabava minha trajetória de musa fitness, mas contribuí para que colocassem uma faixa adesiva para que ninguém mais desconcentrasse o povo que estava ali para malhar e não para morrer de rir.

Mas como depois dos 30 ninguém pode ficar parado, cá estou no meu novo projeto “xô sedentarismo”.
Dessa vez bem longe de academia, correndo por aí livre e solta feito uma criança saltitante. Ainda esperando o tal bichinho me morder e eu morrer de amor pela prática.

Mas tenho como grande inspiração meu tio de 56 anos que é maratonista e espelho dos atletas que o acompanham.
Não tenho a pretensão de chegar ao nível dele, só não quero mais dar de cara com a malhação e nem ser a última escolhida no time dos ativos e saudáveis.

Então bora lá por mais 5km na conta! (É assim que eles falam! rs)



quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

“Olhos nos olhos, quero ver o que você diz...”

Meu pai tinha lindos olhos verdes que eu não herdei.

Eram vibrantes, meio misteriosos, um tanto maliciosos e muito bonitos.
Sempre achei que tivesse um “quê” de Chico Buarque, talvez por isso fizesse tanto sucesso com o mulherio.

Dizem que toda filha é apaixonada pelo pai. Claro que não estamos falando de nada incestuoso, mas sim de certa idolatria, uma admiração quase mítica.
Posso dizer que eu fui apaixonada por ele. Mesmo depois de descobrir que meu príncipe dava expediente em outras paragens e que habitava outros reinos, ainda assim continuava amando aquele homem.

O tempo passou, infelizmente nos distanciamos, mas continuei fascinada por aquele olhar.
Há quase cinco meses seus olhos perderam o brilho, mas curiosamente (e morbidamente também), insistiam em se manterem abertos.

Sendo assim, a última imagem que tenho dele é com os olhos ainda entreabertos (e um arrepio me corre a espinha cada vez que me lembro).
Bom, parece que vieram me observar. Digo isso sem nenhum cunho religioso, mas se me perguntarem com o que sonhei essa noite direi: “com os olhos vivos de meu pai”.